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Mostrando postagens de 2025

Mal entendido

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Quantas vezes um erro de comunicação pode ter consequências? Um encarregado de expedição tem que estabelecer uma logística para as tarefas de seus subordinados — no caso, uma equipe de office-boys. Recebeu a informação de que deveria providenciar a entrega de duas correspondências em empresas de endereços diferentes: uma na zona norte e outra na zona oeste da cidade. Porém, com a demora para que ficassem prontas, por volta das 15h ele dispunha apenas de um office-boy, que morava na zona oeste. Pela lógica, determinou que o funcionário entregasse a da zona norte primeiro e, posteriormente, a da zona oeste, destino final do subordinado. No dia seguinte, entregou os protocolos de entrega para a secretária que havia feito a solicitação. Para sua surpresa, o gerente responsável pelas contas das duas empresas telefonou, irado, dizendo que, pela ordem em que foram entregues, as correspondências não surtiram o efeito desejado, pois deveriam ter sido feitas na ordem inversa. Sua defesa foi aleg...

O lobo e a lua

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O lobo olha para o céu e vê a lua e como não quer nada namora-a Ele sabe, se ela é nova ou velha, meia-lua ou lua inteira. Somente ele... e só ele, ele só, compreende a sua solidão de lua.  E com os olhos cheios de mar, marejados e aguados, embriagado começa a uivar, fazendo serenatas sem fim.  E, assim, expressa o seu amor e a lua com um sorriso finge que não vê. Autor do texto: Pablo Queiróz, maranhense, morador de São Gonçalo - RJ Uma pausa para os comerciais... Sou afiliado Magalu, Mercado Livre e Shopee. Vamos fazer boas compras juntos? Fale comigo: (21)98519-7011 Parte das vendas é direcionada para a ONG Joinha Mundo Azul.  

Jeitinho, a gente vê por aqui

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Trajeto Central x Itaguaí, onibus tarifa A, confortável, ar condicionado, um passageiro se levanta e puxa o sinal de parada próximo à subida de um viaduto, se aproxima do motorista e pede para que ele dê uma parada embaixo do viaduto.  Diante da recusa do condutor, alegando que sair do trajeto poderia causar-lhe punição da empresa, caso acontecesse um acidente ou enguiçasse, reclamou: - Mas todo mundo dá uma "descidinha" ali, Ao que o motorista retrucou: - Eu não sou todo mundo, meu nome é Peçanha! Chegando ao ponto, abriu a porta e o passgeiro desceu reclamando, xingando e ainda deu um soco na lataria do veículo.  Peçanha fechou a porta e seguiu viagem como se nada tivesse acontecido. Tendo como pano de fundo o "jeitinho brasileiro", que enxerga leis e normas como obstáculos, veremos mais um profissional do volante protagonizando esse embate: Linha 629, quase chegando a Irajá, seu destino final. Em um ponto, um casal de idosos deu sinal para o ônibus, que parou ate...

Solto

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Escrevi para você um verso que ainda não escrevi pra falar da minha vida dar notícias de mim sem ter preocupações de me expor. Escrevi para você uma carta que não escrevi pra contar onde estou e com quem não estou pra te falar desse amor mal encontrado mal amado e cobrado.... Te escrevi uma estória que jamais escrevi pra te falar da Cinderela e da Alice no meu país sem as mil maravilhas te falar das minhas tristezas e das alegrias que não tive, em suma, te falar do meu amor que ainda não tive. Autor do texto: Pablo Queiróz, maranhense, morador de São Gonçalo - RJ Uma pausa para os comerciais... Sou afiliado Magalu, Mercado Livre e Shopee. Vamos fazer boas compras juntos? Fale comigo: (21)98519-7011 Parte das vendas é direcionada para a ONG Joinha Mundo Azul.  

Ser poeta

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Lembrando que no dia 21 de março foi comemorado o Dia Mundial da Poesia, presto uma homenagem aos poetas que colaboram com o nosso blog: Lúcia Andrade, Sidney Machado e Pablo Queiróz. SER POETA Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens!  Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma e sangue e vida em mim. E dizê-lo cantando a toda gente! Florbela Espanca, em seu livro Charneca em Flor, publicado em janeiro de 1931, um mês após sua morte, com sua poesia intensa e melancólica, expressa a poesia como um destino inevitável, uma vocação que consome e engrandece ao mesmo tempo. O poema enaltece a figura do poeta como alguém que sent...

PRIMEIRO BEIJO

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No fundo do quintal um tanque abandonado..... Calor de Maio nas primeiras chuvas.... Meio-dia de sol e de cigarras. Tão perplexa a lembrança chega através de um panejar de gaze........ Entre o teu rosto e o meu, primeiro, o dia, depois a sombra de uma laranjeira e depois o alarido dos pardais..... E depois...e depois... Uma gota de chuva como lágrima.... E depois....tua boca e nada mais.... Autor do texto: Pablo Queiróz, maranhense, morador de São Gonçalo - RJ Uma pausa para os comerciais... Sou afiliado Magalu, Mercado Livre e Shopee. Vamos fazer boas compras juntos? Fale comigo: (21)98519-7011 Parte das vendas é direcionada para a ONG Joinha Mundo Azul.  

Vai chover hoje?

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Saindo de casa para o trabalho, olho para cima e vejo o céu carregado de nuvens, o que me leva a calcular que, em vinte e cinco minutos, chegarei ao destino – trajeto a pé que faço diariamente – sem necessidade do guarda-chuva. Assim faço e, como ando ligeiro, sigo despreocupado.  Já estava próximo de chegar quando percebi o cenário: até então, meu trajeto contava com abrigos que me protegeriam da chuva iminente... ali, não! Não, não começou com respingos. Veio como um balde d’água de uma vez só, encharcando-me na hora, sem que eu tivesse oportunidade de correr. Continuei resignado, encharcado e revoltado até chegar ao local de trabalho, uma fábrica, e entrando no meu setor fui recebido pelos colegas com um coro de risadas, sendo que um deles se jogou ao chão, enfatizando ainda mais o ridículo da minha situação.  Esse colega providenciou um uniforme e botinas na CIPA para que minhas roupas secassem e, ao final do dia, eu pudesse voltar seco para casa. Desde então, passei a car...

PROFANAÇÃO

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Seria uma profanação o meu olhar sobre teu corpo, seria como mergulhar em um rio de águas límpidas e ter meus pensamentos poluídos. Seria como o peixe beijando a flor na água ou como uma cobra verde inocente se enroscando  no teu corpo. Assim eu sinto esse amor queimando e me consumindo e arranco queimando as palavras sussurrando para que tu não ouças: Te amo! Esse mistério que envolve meu amor e esconde dos teus olhos. Eu te percebo enquanto o sol nasce. As lágrimas descem. Amanhece profanando teu corpo e o sol me olhando....e eu te amando iluminado. Autor do texto: Pablo Queiróz, maranhense, morador de São Gonçalo - RJ Uma pausa para os comerciais... Sou afiliado Magalu, Mercado Livre e Shopee. Vamos fazer boas compras juntos? Fale comigo: (21)98519-7011 Parte das vendas é direcionada para a ONG Joinha Mundo Azul.  

Desafio entre gerações

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Tinha dezesseis anos, trabalhava no centro da cidade e à noite estudava.   Mas, em algumas quintas ou sextas-feiras acompanhava o tio - cinco anos mais velho - para um encontro com colegas de bar, a fim de beber umas cervejas e bater papo.  O bar era localizado na Rua do Rosário, onde ele já tinha conhecido os "ceguinhos" vendedores de bilhetes de loteria; um  jornaleiro italiano, seu Ângelo, que ensinava palavrões em sua língua natal; e outros personagens daquela fauna urbana.  Um detalhe inusitado: o dono do bar era português, botafoguense e se chamava César, um combo talvez inédito.  Seu tio se reunia ali com seu compadre, um mineiro alto e engraçado e um funcionário de uma loja lotérica daquela rua, com idade aparentando uns cinquenta anos.  Uma variedade de assuntos surgia naquele local, regada a cerveja e umas cachacinhas que os adultos entremeavam de vez em quando durante as conversas, além dos petiscos tradicionais. Em uma dessas ocasiões, o a...

CANTO MARANHENSE

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Nessa vida perversa e ingrata me misturo nas ruas com o povo e socorro minha lida com bravura e não peço pro rico nenhum pão Quem tentou nessa vida me dar rasteiras, Hoje vive rastejando pelo chão. Não respeito o homem de postura e nem fico lambendo as botas dele, seja rico, governo e ladrão. Sou um cabra destemido e maranhense que não teme vendaval, vento ou tufão. Quem tentou nessa vida me dar rasteiras, hoje vive rastejando pelo chão. Não acredito em promessas de políticos,  da mulher eu só quero o coração. Minha alma é firme e renitente, de poderosos não sou de beijar mão. Quem tentou nessa vida me dar rasteiras,  hoje vive rastejando pelo chão. Nessa vida já vi de tudo um pouco, vi bandidos de gravatas em avião, já corri léguas atrás de moças, já briguei e peguei cobra com a mão. Vi dinheiro sujo movendo céus e terra,  peguei em armas pra brigar com Lampião. Quem tentou nessa vida me dar rasteiras,  hoje vive rastejando pelo chão. Sou poeta cabra macho e repenti...

Na manha, também se ganha

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Tudo começou com um passe de calcanhar e de letra, desperdiçado pelo colega de time com um chute por cima do travessão. O lance chamou atenção, e logo veio o assédio do Campeão, o melhor time de futebol society da fábrica. A transferência aconteceu, e o Só Acredito Vendo perdeu sua revelação: o novato recém-chegado à fábrica. Curioso o fato de serem times do mesmo setor da fábrica, uma espécie de times A e B. Bom, nosso personagem sabia que, no time B, seria destaque, enquanto no Campeão teria chance de entrar em algumas partidas, visto o nível da equipe. E assim se deu. Ele entrava em alguns jogos, onde eram necessárias, principalmente, a velocidade e rapidez – suas melhores características. Uma de suas partidas de destaque foi contra o time da Manutenção. Estava no banco de reservas. O jogo comia solto entre duas equipes de mesmo nível, quando o adversário fez 1x0, ainda no primeiro tempo. Após o intervalo, decorrido um período sem que o empate acontecesse, o técnico do Campeão chamo...

Sou Mulher e não Troféu

Também posso sumir, Desaparecer na calada da noite. Te deixar no vazio, Dar-te a solidão como açoite. Tão seguro de si, Achou que eu comia em sua mão. Sem jamais imaginar Que ainda sou dona do meu coração. Não sou brinquedo de ninguém Por mais que se venha a gostar. Estar contigo é sempre bom Mas não esqueci de me amar. Com meus sentimentos não jogue, Sou mulher e não troféu. Trate-me com respeito Pra não provar do meu fel. Quando enfim amadurecer Venha me procurar. Torne-se um homem de verdade Pra que eu possa te amar. Autora do texto: Lucia Andrade

Dia Internacional da Mulher

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Fonte: Facebook - André Mota - Álbum

A tanajura do pedaço

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Era a tanajura do pedaço, não tinha pra ninguém. O seu derrière atraía os olhares masculinos cobiçosos e os comentários desdenhosos das invejosas de plantão. Devido ao assédio constante na juventude, gabava-se da sua beleza sem se dar conta de que o interesse geral era localizado em um ponto específico da sua anatomia. Decorridos muitos anos, uma coleção de namorados, dois casamentos desfeitos e os efeitos da gravidade atuando no corpo notadamente naquela área que foi motivo do seu sucesso de outrora, ali estava ela, esparramada no sofá da sala com um pote de pipoca no colo, assistindo ao desfile de carnaval. Um evidente espetáculo de belos corpos femininos seminus, de sinuosas silhuetas, seus sorrisos procurando as câmeras de TV em busca do sucesso, mesmo que efêmero, pensando em virar "celebridade". Ao seu lado, o atual companheiro com um copo de cerveja na mão, se deliciava com a anatomia das mulheres, elogiando dissimuladamente a evolução das escolas de samba a fim de dis...

Um porão de histórias

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Ele nasceu no bairro de Botafogo e foi criado em uma favela na zona sul carioca, nos anos 60.  Sua infância se desenrolava num pequeno quintal dividido com tios e primos, mas seu lugar preferido era junto aos avós, uma casa no ponto mais alto do morro com um grande quintal nos fundos, com declives e uma bela vista para o bairro da Gávea, um cenário perfeito para suas aventuras e fantasias.  No centro dessas lembranças, havia uma roseira especial. Plantada em frente à casa, ela era cercada por uma pequena vala de cimento, em círculo, que o avô construíra para protegê-la das formigas. Mas para ele, aquele detalhe não era só proteção; era um convite à imaginação. Ele arrancava folhas da própria roseira – algo que jamais deveria chegar ao conhecimento do avô – e as transformava em "barquinhos". As formigas eram os marinheiros, navegando naquele canal improvisado até o coração da roseira. As brincadeiras se multiplicavam no quintal, mas graças aos declives, tinha uma que era mágic...

Romário, o dono da area

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Chamavam-no Romário, pois, assim como o jogador tetracampeão nacional, era considerado o dono da área. Era um cão pastor alemão que tinha como característica marcante uma das orelhas caída, talvez fruto de alguma maldade de alguém perverso. Vivia pelas ruas do bairro, mas aos finais de semana, à noite, ficava por perto do Bar do Cabeleira, um alagoano botafoguense, careca, muito gozador, que fazia uns espetos de churrasco muito elogiados na região. O bar era muito frequentado, por ter um ambiente acolhedor, boa música, bebidas geladas e deliciosos petiscos.  Romário era muito esperto e querido no local e, além de receber o carinho da clientela, ele demonstrava um interesse especial pelos petiscos do bar. Numa dessas noites, Quim, um dos fregueses, magro, baixinho e com um bigode grosso, pediu um churrasco e uma cerveja.  Enquanto bebia e conversava com um amigo, ficou distraído. Segurando o espeto, baixou o braço e... quem estava de olho!? Ele... o craque canino que, num bot...

Vacila, mas é maneiro

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Lá pelas bandas de Santa Cruz, fiz uma amizade de bar com um cara que trabalhava como cobrador em uma linha de transporte alternativo do local. Sujeito magrelo, bom de papo e divertido, apreciador de uma caninha com mel — cerveja era mais raro ele beber. Sempre que se encaminhava para encontrar com o dono da kombi, que morava próximo à minha residência, tinha o costume de me acenar quando eu, na maioria das vezes, estava na laje do segundo andar, envolto em obras. Ocorre que, em um final de dia, quando me encontrava no bar curtindo minha cerva gelada, ele adentra o local e, em alto e bom som, pronuncia: — Ué, não estava em casa hoje mais cedo? Olhei lá para a sua laje e não te vi, meu camarada! A clientela do bar concentrou o olhar em mim e eu, respirando fundo, pensando na resposta ao abusado, disse: — Você deu sorte, meu amigo. Tem vezes que as pessoas não me enxergam na laje, porque eu posso estar abaixado, catando algumas das pedras britas da obra para tacar na cabeça dos que tomam...

Mui amigo!

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 Vamos falar do melhor amigo do homem? Em algumas situações ele não demonstra ser tão amigo assim... Na entrada principal de um bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, ficava o simpático Bar do Pará, cerveja gelada, uma mesa de sinuca e um karaokê que revelava ou destruía talentos. Na porta, um vendedor de churrasco e o cheirinho que atraía fregueses e também alguns visitantes de quatro patas em busca de uma boquinha. Seu Ciço, pernambucano baixinho, beirando os setenta anos mas ainda forte, era um dos fregueses que gostava de uma boa prosa com um palito de churrasco na mão e um copo de cerveja na outra. Distraído, não percebeu um dos cachorros de rua abocanhar seu petisco e correr para dividir o "roubo" com um parceiro. - Danado! Eu que sempre dou um pedacinho a vocês, mereço isso? - esbravejou Seu Ciço. Os dois larápios retornaram sem um pingo de vergonha, se sentaram próximos, encarando Seu Ciço com olhares pidões. - Me roubaram e ainda querem mais? - disse o incrédulo...

O fanatismo e suas consequências

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Madureira é um bairro pulsante, multicultural, conhecido como o "Berço do Samba". Lá se encontram duas das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro e o famoso baile charme sob o Viaduto Negrão de Lima, entre outras atrações. É também o lar do Mercadão de Madureira, o maior mercado popular do Brasil. Foi ali que esta história aconteceu. Desempregado e me esforçando para honrar meus compromissos, como todo brasileiro eu buscava alternativas para sobreviver. Vendia picolés em casa e nas ruas, além de pipas, linhas, rabiolas e outras bugigangas. Grande parte desse material eu comprava no Mercadão. Nas minhas contas, sempre sobrava uma pequena folga. Era o suficiente para um pedaço de torresmo e duas cervejas, pretexto para boas conversas no bar do subsolo do Mercadão – antes do incêndio de 2000. As conversas geralmente giravam em torno de futebol, uma das minhas paixões. Embora não fosse nenhum craque, como jogador mediano - de peladas, mas também de campeonatos de um...