terça-feira, 8 de outubro de 2013

Mundo Animal

A aranha tricoteia a teia suspensa e acerta na mosca.
Sapateia o pato com seu gingado malandreado.
Vaga o vaga-lume com seu lume que pisca-pisca na noite.
O camaleão permeia por entre formas, cores, disfarces e múltiplas faces.
Serpenteia a serpente a enroscar-se em volta de si.
A raposa esperta espreita a presa.  Um bote e...surpresa!
O lobo uivando e transformando a noite em angústia e apreensão.
O leão esgueirando-se na trilha engana a caça, que tenta fugir da desgraça.
O crocodilo e seu olhar à beira d'água, boiando... espreitando a "bóia".
A zebra, como presa, esperando ser a "zebra" do dia.
A hiena e seu bando, rindo de tudo e um naco das sobras esperando .

Autor do texto: Paulo Roberto Nascimento
Vídeo: Enciclopédia da Vida Selvagem.  Extraído do You Tube.


domingo, 6 de outubro de 2013

Ator/Atriz

Gestos, insinuações, simulações, sorriso contido,
Caretas, gargalhadas, cenho franzido.
Fuga da câmera, saída de cena, frente e perfil,
Catarse, gritos, sussurros, paixão ao extremo.
Exaustão, tragédia, farsa, comédia.
Todas as sensações em um único ser.
Profusão de sentimentos,
Confusão de personalidades.
Nossas facetas jogadas nas nossas caras
Expondo nossa fragilidade e força ao nosso próprio julgamento.
Na medida de uma representação, nossa realidade desnudada num único ser,
Um ser de cada vez ou nenhum ser real.
Entre múltiplas vivências,
O difícil trajeto de retorno a si mesmo
Um rito de passagem à cada apresentação.


Autor do texto: Paulo Roberto Nascimento
Homenagem aos atores e atrizes que pelo amor à arte se viram pelo avesso em busca do melhor personagem.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O povo e o polvo

A série de protestos no nosso país nos últimos dias me levou a refletir sobre o que isso representa.  Neste momento, um cuidado necessário: diferenciar o que é reivindicação justa do que é baderna ou crime.  A falta de atitude diária ao longo desses tempos, onde ações simples no cotidiano poderiam fazer a diferença, levaram ao acúmulo de necessidades não satisfeitas que explodiram de repente, como se de repente tivessem surgido.  Ao mesmo tempo, no dia de hoje, assisto a propaganda de um partido onde fica clara a proposta de incitação ao movimento de massas, aproveitando o momento, como aliás todos os partidos atualmente fazem no Brasil.  Não representam nada e se aproveitam de tudo!
Achei um dos poemas da minha prima Lucia Andrade que eu ainda não havia publicado no blog e descobri a semelhança com o que a anestesia geral propicia os acontecimentos atuais, guardados os exageros.  

Autor do texto: Paulo Nascimento

O povo e o polvo

Olho pro lado, pra vizinhança,
Não vejo nenhuma novidade.
O mesmo ambiente pobre,
Um mundo cego, sem claridade.
Conversa sadia eu não ouço,
Nada falam que me acrescente.
Me afasto pra não emburrecer,
Pra não atrofiar minha mente.
Muito riso e pouco siso,
Todos sentados na calçada.
A vida segue em frente
E essa gente vazia não vê nada.
Injustiças que acontecem,
O planeta que agoniza em vão...
Mas tudo isso é besteira
Se um copo eles têm na mão.
O tempo passa depressa,
A idade há de chegar.
Nada de útil foi feito,
Agora não dá pra voltar.
Os filhos não educaram,
Nenhuma causa defenderam.
Choram hoje amargamente
O ontem que eles perderam.
Entravam na novela das oito,
Adoravam ver Big Bosta,
Gritavam pela Xoxa,
Na Copa faziam aposta.
Ainda sentam na calçada
Lembrando das alegrias.
Continuam sem perspectivas
Pras suas vidas vazias.
Não só um polvo tem tentáculos,
O povo também os tem.
Podem ser cordas a enforcá-los
Ou braços unidos pra fazer o bem.

Autora do texto; Lucia Andrade

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Arraiá Privinido - Republicado

Vamo vê balão no céu?

Pode não, que a tar da Incologia, critica e faiz iscarcéu.

Intão vamo pulá fuguera

Prá isquentá a brincadeira?

Né boa idéia não,

Si prá atendê o povo num tem hospitar

Vai qui um si quema i di novo vira nutiça di jorná.

Du mermo modo tá frito

o pobre qui si mete a tacá no bucho di uma só veiz

batata doce, canjica e quentão,

Óia o istrago feito nas tripa do cristão.

I cadê hospitar qui é bão?

I u fuguetório ixprodindo no céu ? Qui beleza!

Sei lá... vai qui um dispreparado

Vira a pontaria do bicho pro lado errado?

Eita, ma tá difici de cumeçá o arraiá!

Tá certo sê cunciente, evitá os acidente,

Mai a hora é di si divertí.

Chamá logo a sanfona, o triango e a zabumba,

Us sinhozinho, as sinhazinha,

Inté di cidade vizinha

Prá modi nóis farriá,

Qui a vida inda é bela,

I há di inchê di alegria a festa do nosso arraiá.

Cum a proteção de São Pedro, Santo Antônio e São João,

Num haverá pobrema não.

Vai ficá prá lá di bão!


Autor: Paulo Roberto Nascimento, publicado na página VAMUAÍ do Facebook.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Eu escolhi você - Republicado

No Dia dos Namorados, uma grande homenagem com a postagem campeã de visualizações do nosso blog. 

 Feliz Dia dos Namorados!


Autora do texto: Lucia Andrade, em homenagem ao casamento da sua sobrinha Virginia Andrade com Rômulo Cardoso, publicado em sua página do Facebook.  Imagem extraída do Google Images.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Banda Pretitude



Elas estão no início do arco-íris, mas já demonstram muito talento.  Rumo ao sucesso!

O grupo foi formado em 2012, e com muito estilo e personalidade vem deixando sua marca no cenário musical carioca.

A banda sobe ao palco com bateria, baixo, teclado, guitarra e percussão, e no vocal: duas cantoras poderosas.

No cardápio musical do Pretitude, pitadas de Samba, Afro, Mpb, R&B, Rap e Funk.

No seu novo show, intitulado Ukai, que significa, MULHER, em Umbundu (dialeto africano), o grupo faz uma homenagem e uma reflexão ao papel da mulher negra na cultura brasileira.





Banda Pretitude, à capela.  Puro talento!
Vídeo extraído do You Tube.


quarta-feira, 29 de maio de 2013

Lidomeiro

Árvore seca frutifica!
Fruto com cheiro de flor,
Com gosto de maçã,
Olhinho de jabuticaba.
Com cabelos soltos como a folha,
E a mãozinha leve como pena de ave.
Que a voz sussurre como o vento,
Doce como o mel,
Mas que tenha a força do trovão
Saindo da boca de uva rosada.
Árvore seca frutifica!
Redentora, renovadora,
Como a raiz da liberdade.

Autora do texto: Lucia Andrade

Curiosidade: Perguntei à minha prima Lucia Andrade o que era um lidomeiro e ela me lembrou o nome do seu filho: Lidom.  Não precisa mais explicações.


domingo, 12 de maio de 2013

Um Texto para Reflexão - Sobre Nossos Filhos (republicado)

A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada


Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.
É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.
A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.
Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.
Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.
Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.
Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.
O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.
Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.
Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.
Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.
Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.


Texto publicado originalmente na revista Época, do dia 11 de julho de 2011.



* Eliane Brum é jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo)

Até as águias precisam de um empurrão

Um texto dirigido às mães que nos ensinam a voar, sem precisar nos carregar em suas asas.  E aos filhos que reconhecem esse supremo ato de amor.

     A águia empurrou gentilmente os filhotes para a beira do ninho.  Seu coração trepidava com emoções conflitantes enquanto sentia a resistência deles.  "Por que será que a emoção de voar precisa começar com o medo de cair?", pensou.  Essa pergunta eterna ainda estava sem resposta para ela.
     Como na tradição da espécie, seu ninho localizava-se no alto de uma saliência, num rochedo escarpado.  Abaixo havia somente o ar para suportar as asas de cada um de seus filhotes.  "Será possível que, dessa vez, não dará certo?", pensou.  A despeito de seus medos, a águia sabia que era tempo.  Sua missão materna estava praticamente terminando.  Restava uma última tarefa: o empurrão.
     A águia reuniu coragem através de uma sabedoria inata.  Enquanto os filhotes não descobrissem suas asas, não haveria objetivo em suas vidas.  Enquanto não aprendessem a voar, não compreenderiam o privilégio de terem nascido águia.  O empurrão era o maior presente que a águia-mãe tinha para lhes dar.  Era seu supremo ato de amor.  E por isso, um a um, ela os empurrou, e eles voaram!

Fonte: Livro "Até as Águias Precisam de um Empurrão" de David McNally.

   

sábado, 11 de maio de 2013

Semente de Mãe





Mãe coragem!

Gerado do teu desejo de fecundar semente do bem, eu cresci.

Reinei em minha infância, junto aos teus outros frutos,

alimentado com as mesmas esperanças.

Em tua mão, firme e severa, em amorosa atitude imperava o afeto,

inigualável virtude.

Nada temas! Plantaste em mim semente de fé, fio condutor do que hoje sou.

Espelhado em tuas lições sigo agradecido ao Supremo,

pisando o solo fértil que me preparaste.

Dedico-te o teu dia de Mãe em cada dia da minha vida.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Será que temos esse tempo prá perder?

       Temos a impressão de que o mundo está acelerado e que a vida passa voando.  As vinte e quatro horas do dia parecem não ser suficientes para tantos afazeres.  Concordo! Porém, a insensatez vem acompanhando essa dificuldade das pessoas em lidar com o tempo, fazendo com que ajam por impulso. 
       Dia desses, em Irajá, vi uma mulher correndo pela escada rolante ao ouvir o barulho da composição do metrô como se fosse a última do dia, chegou a tropeçar e ao chegar à plataforma viu que a composição que motivou sua pressa estava no sentido contrário ao seu destino.  Agiu por IMPULSO!
       Em outra ocasião, caminhando para o trabalho, assisti um motorista impaciente, buzinando incessantemente e, mesmo vendo o sinal fechado, saiu cortando os carros pela faixa dupla para avançar o cruzamento.  Um gesto de IMPRUDÊNCIA!
       Mas, como tudo na vida tem uma mensagem, depois desses acontecimentos tive a experiência de ver uma senhora que aguardava junto comigo o momento para atravessar a pista próxima à uma curva, onde não tínhamos uma boa visibilidade dos carros que vinham, quando um outro pedestre se arriscou e atravessou correndo, quase sendo atropelado.
       Ainda surpreso com aquele gesto impensado, eu disse:
       - As pessoas não têm paciência de aguardar o momento certo para atravessar.  Ao que ela respondeu:
       - Esse momento certo é o tempo da vida!

Música: Paciência - Lenine

Autor do texto: Paulo Nascimento
Vídeo extraído do You Tube

terça-feira, 23 de abril de 2013

Salve Jorge



 Salve Jorge - Fernanda Abreu - Vídeo extraído do You Tube

Oração de São Jorge 

Ó São Jorge, meu guerreiro, invencível na fé em Deus, que trazeis em vosso rosto a esperança e confiança, abra os meus caminhos. Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge, para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer algum mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrarão sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrar. Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, a Virgem de Nazaré, me cubra com o seu Manto Sagrado e Divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua Divina Misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos. Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel cavalo, meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Ajudai-me a superar todo o desanimo e alcançar a graça que tanto preciso, (fazer o pedido). Dai-me coragem e esperança, fortalecei minha fé e auxiliai-me nesta necessidade. Com o poder de Deus, de Jesus Cristo e do Divino Espírito Santo. Amém! São Jorge rogai por nós!

domingo, 21 de abril de 2013

Um copo de vida

Uma urgência de viver,

Inexplicável pressa desesperada,

Fome de querer fazer.

Comportamento difícil de entender

Que assusta, afugenta,

Em um quase enlouquecer.

Tenta nas mãos segurar, deter

O tempo que corre depressa.

Quero um copo de vida pra beber.

Recusa selvagem em partir.

Ainda não vi tudo,

Muito está por vir.

Do fim não se pode fugir.

Todos têm a sua hora,

Faça sua oração, seu caminho vai seguir.

Não adianta tentar adiar,

Sua missão já se cumpriu.

Agora resta aceitar.

Por fim, resignada, ela partiu.

Autora do texto: Lucia Andrade

quarta-feira, 20 de março de 2013

Emílio Santiago - A elegância na voz

     Na rotina da manhã de hoje, sou surpreendido com a notícia da despedida, deste plano, do cantor Emílio Santiago, a mais bela voz que já ouvi até hoje.  Senti uma tristeza sincera como se o conhecesse de perto.
     Saí de casa, a caminho do trabalho, com um nó no peito e fui percebendo que em minha mente começava a ser criada uma trilha sonora com algumas belas músicas revestidas de um encantamento daquela voz suave e melodiosa.
     Distraído, seguia em direção do metrô de Irajá, pela calçada do lado esquerdo da rua, quando avistei do outro lado uma figura muito querido por mim, um colega de trabalho, já aposentado, em trajes adequados ao seu status atual, ou seja, calção e camiseta.
     Foi irresistível!  Atravessei a rua e lhe disse:
     - Meu dia ficou melhor agora!
     E o abracei e beijei no rosto, algo fraternal e inexplicável, um gesto natural desde que nos conhecemos, há uns dezoito anos.  Após uma breve conversa nos despedimos e eu segui o meu caminho com o coração mais leve como se uma mensagem angelical tivesse sido derramada em mim.
     Despedidas e encontros são comuns em nossas vidas e a elas devemos dar o devido valor.  Aos que partem, a nossa saudade e boas lembranças.  Nos reencontros, demonstremos nossos melhores sentimentos, numa troca de energia boa e necessária para nos revigorar na longa caminhada em busca da evolução neste plano.
     Até breve, Emílio.  "O que vale é o sentimento e o amor que a gente tem no coração".  Que suas canções sigam como trilha sonora em nossos ouvidos e que as lágrimas ao caírem se transformem em gotas de saudade e esperança de novos reencontros aqui ou em outro plano.
     Como recordação, vai uma amostra de um dos belos cds gravados por Emílio Santiago: Dias de Luna.


Autor do texto: Paulo Nascimento
Arquivo de aúdio: Prévia do cd Dias de Luna -1996.
Site:  http://www.rdio.com/artist/Emilio_Santiago/album/Dias_De_Luna/


quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A Tanajura do Pedaço

     Era a tanajura do pedaço, não tinha prá ninguém.  O seu derrière atraia os olhares masculinos cobiçosos e os comentários desdenhosos das invejosas de plantão.
     Devido ao assédio constante na juventude gabava-se da sua beleza sem se dar conta de que o interesse geral era localizado em um ponto específico da sua anatomia.
     Decorridos muitos anos, uma coleção de namorados, dois casamentos desfeitos, os efeitos da gravidade atuando no corpo, notadamente naquela área que foi motivo do seu sucesso de outrora, ali estava ela, esparramada no sofá da sala com um pote de pipoca no colo assistindo ao desfile de carnaval, um evidente espetáculo de belos corpos femininos seminus, de sinuosas silhuetas, procurando as câmeras de TV em busca do sucesso, mesmo que efêmero, pensando em virar "celebridade".
     Ao seu lado, o atual companheiro se deliciava com a anatomia das mulheres, elogiando, dissimuladamente, a evolução das escolas de samba a fim de disfarçar seu real interesse.
     Em surdo gemido, ela levantou-se com dificuldade apoiando-se em um dos braços do sofá.  Aproximando-se da TV, fixando o olhar bem perto da tela, resmungou algo, talvez um palavrão.  Aprumando o corpo e com ar vanglorioso, saiu a dizer, em voz alta:
     - No meu tempo não tinha botox, nem silicone, era tudo natural!



Autor do texto: Paulo Nascimento
Imagem extraída do Google Image

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Jamais busquei você

Queria muitas coisas,

Me preocupava com o ter.

Não te conhecia,

Jamais busquei você.

Andava sempre ocupado

Querendo enriquecer,

Exibir minhas conquistas.

Nunca busquei você.

Minhas posses aumentavam.

Uma família criei.

Virei cidadão respeitável

Mas você jamais busquei.

O ter foi sempre importante.

Ignorava o Ser.

Tinha orgulho do meu império.

E nunca busquei você.

Ouvia muitos falarem

Do que os inundava o ser.

Achava tudo bobagem.

Pra quê buscar você?

No meu mundo muito sólido

Tudo começou a ruir.

E o sofrimento eu descobri.

Me negava a buscar você.

Quando perdi tudo o que tinha,

Incluindo o orgulho.

Vi que sabia chorar,

Que podia buscar você.

E ao me pôr de joelhos

Sem nada mais ter,

Descobri quem era o Ser,

Dentro de mim, meu Deus,

Eu encontrei você.

Autora do texto: Lucia Andrade

domingo, 20 de janeiro de 2013

Simples, só papel

Era só papel, sem vida, jogado em um canto, abandonado.

Alguém, necessitado de expressão, uma ideia, palavras soltas precisando de um sentido, dele se utilizou.

Como química, palavras jogadas imprimiram sentimentos represados,

Enclausurados nas masmorras do pensamento.

Em voo livre passearam pelo papel, libertas, sem censura.

Ecoaram medos, diversão, experiências vivenciadas ou fictícias, não importa.

Em avalanche, povoaram nossos pensamentos.

Asas condutoras da nossa imaginação, criaram ambientes para o nosso deleite.

Era só papel. Algo simples que teimamos não enxergar.

Uma vara de condão que toca e transforma vidas. Simples, só um papel. 


Autor do texto: Paulo Roberto Nascimento
Música: Aquarela - Toquinho.  Video extraído do You Tube. 



Leia também: Registro de sonhos 

sábado, 12 de janeiro de 2013

Viagem pelo prazer

É só desejo, língua e saliva
O que o teu corpo cativa
Sussurros, movimentos, cadência sem freios,
Receios ou rodeios
A mente indecente mente, raciocínio ilógico... lógico!
O momento é do instinto, do toque, da sensação
O maestro é a mão ligeira e sensitiva
O toque dos dedos dedilhando a canção do prazer infinito
No finito tempo que nos desperta
Depois da convulsão
Ao aterrissarmos em pouso leve da breve viagem.

Autor: Paulo Roberto Nascimento

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Porto Seguro

Luz que reluz
Um brilho sedutor
Na manhã cor de chumbo
Colorindo minhas retinas de um azul que só eu vejo
Acordo junto de ti
Livre a cada manhã
O bastante para o meu ser
Meu mundo real que imagino ao teu lado
Em mar bravio meu conforto
Minha rota segura
Minha âncora
Meu seguro porto

Autor do texto: Paulo Roberto Nascimento
Música: Pétala Djavan.  Vídeo extraído do You Tube

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Chuchu na serra

Escolheu a mais gostosinha
Com grau de escrúpulo zero.
Tentou botar na linha
Dançou um belo bolero.
Levou uns chifres na bagagem
O filho de outro tornou-se seu.
Ela adora uma viagem
Com o dinheiro que você deu.
Vê se te manca, Mané
Para de bancar o otário.
Fica remando contra a maré
Vai revistar teu armário.
Quando ela tá em casa
Tá sempre com dor de cabeça.
Toma um chá de simancol
Antes que o chifre apareça.
Entrega pro Ricardão
Deixa ele amargar o prejuízo.
Até o cara que entrega o pão
Se mandou, tem mais juízo.
Foi julgar pela aparência
E pegou o maior bagulho.
Agora chega de demência
E entrega em um embrulho.
Ao primeiro que passar
Ofereça como um diamante,
E se o otário levar
Seja mais esperto doravante.
Mulher de vitrine é manequim
Escolha uma de carne e osso.
Se ainda escolher mal assim
Vai afundar até o pescoço.
Bonitinha sem caráter
Fuja como o diabo da cruz.
Porque se deixar se enganar
Aí, meu filho, nem Jesus.

Autora do texto: Lucia Andrade

Alma Verdadeira

Se pareço Para uns, alegre Para outros, triste Para uns, fraco Para outros, agressivo Para uns, falso Para outros, sincero Para uns...