O povo e o polvo

A série de protestos no nosso país nos últimos dias me levou a refletir sobre o que isso representa.  Neste momento, um cuidado necessário: diferenciar o que é reivindicação justa do que é baderna ou crime.  A falta de atitude diária ao longo desses tempos, onde ações simples no cotidiano poderiam fazer a diferença, levaram ao acúmulo de necessidades não satisfeitas que explodiram de repente, como se de repente tivessem surgido.  Ao mesmo tempo, no dia de hoje, assisto a propaganda de um partido onde fica clara a proposta de incitação ao movimento de massas, aproveitando o momento, como aliás todos os partidos atualmente fazem no Brasil.  Não representam nada e se aproveitam de tudo!
Achei um dos poemas da minha prima Lucia Andrade que eu ainda não havia publicado no blog e descobri a semelhança com o que a anestesia geral propicia os acontecimentos atuais, guardados os exageros.  

Autor do texto: Paulo Nascimento

O povo e o polvo

Olho pro lado, pra vizinhança,
Não vejo nenhuma novidade.
O mesmo ambiente pobre,
Um mundo cego, sem claridade.
Conversa sadia eu não ouço,
Nada falam que me acrescente.
Me afasto pra não emburrecer,
Pra não atrofiar minha mente.
Muito riso e pouco siso,
Todos sentados na calçada.
A vida segue em frente
E essa gente vazia não vê nada.
Injustiças que acontecem,
O planeta que agoniza em vão...
Mas tudo isso é besteira
Se um copo eles têm na mão.
O tempo passa depressa,
A idade há de chegar.
Nada de útil foi feito,
Agora não dá pra voltar.
Os filhos não educaram,
Nenhuma causa defenderam.
Choram hoje amargamente
O ontem que eles perderam.
Entravam na novela das oito,
Adoravam ver Big Bosta,
Gritavam pela Xoxa,
Na Copa faziam aposta.
Ainda sentam na calçada
Lembrando das alegrias.
Continuam sem perspectivas
Pras suas vidas vazias.
Não só um polvo tem tentáculos,
O povo também os tem.
Podem ser cordas a enforcá-los
Ou braços unidos pra fazer o bem.

Autora do texto; Lucia Andrade

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