terça-feira, 15 de novembro de 2011

Trabalhadores pela Paz

  Sou dessas pessoas admiradoras daqueles que lutam e lutaram pela paz e pela igualdade: Martin Luther King, Mahatma Gandhi, Nelson Mandela e outros.  Sem empunharem armas, mesmo com o sacrifício de suas vidas ou de sua liberdade, souberam abrir espaço para a conquista de melhores destinos para seus semelhantes.
  Li recentemente um artigo da revista Seleções do Reader's Digest onde Leymah Gbowee foi entrevistada.   Ela é uma das vencedoras do Prêmio Nobel da Paz 2011 - juntamente com a presidente de seu país - a Libéria - Ellen Johnson Sirleaf, e Tawakkul Karman, ativista do Iemen.  Leymah Gbowee, depois de ter o sonho de se tornar pediatra desfeito por uma guerra civil em seu país, tendo fugido e retornado tempos depois quando, após muito sacrifício, através de um programa do UNICEF, se tornou assistente social, passando a ajudar as vítimas da guerra e, posteriormente, viajando de aldeia em aldeia passou a organizar as mulheres de seu país, juntou cristãs e muçulmanas em torno de um objetivo: a busca pela paz e estabilidade na Libéria, culminando na eleição de uma mulher para a presidência do país.  Em um trecho de Mighty Be Our Powers (Que Sejam Fortes os Nossos Poderes), livro de memórias escrito por ela, que consta no artigo da revista, destaquei duas partes que me chamaram a atenção:
  A primeira:  "Mas juntar as mulheres cristãs e muçulmanas seria difícil.  Então, fizemos uma oficina.  "Escrevam os seus títulos nesta folha de papel", disse eu ao grupo reunido na sala.  "Advogada, médica, mãe, feirante.  Ponham os papéis nesta caixa."  Levantei uma caixinha de cartolina. "Viram? Estou guardando todos eles. Aqui não somos advogadas, ativistas nem esposas.  Não somos cristãs nem muçulmanas, não somos da tribo kpelle, loma, krahn nem mandingo.  Não somos nem nativas nem da elite.  Somos apenas mulheres."
  A segunda:  "E sabia que tudo por que passara me trouxera até aqui.  Levar as mulheres a lutar pela paz era o que eu queria fazer na vida."
  Na conclusão da entrevista, o entrevistador Dawn Raffel, pergunta:
  "O que quer que os leitores entendam com o seu livro?
  A resposta que ela deu cabe a todas as mulheres que se sentem subjugadas, aliás, a todos os seres humanos nessa situação:
  "Quero acabar com o mito das africanas de seios caídos carregando vasilhas de barro e com três crianças atrás durante os conflitos.  Quero acabar com o mito de que somos vítimas o tempo todo.  Mesmo como vítimas, sobrevivemos.  Somos mulheres fortes que passamos pelo inferno e ainda conseguimos nos manter de pé.  Onde quer que estejamos, podemos nos levantar.  Nada pode nos impedir de sermos o que quisermos."

Autor: Paulo Roberto Nascimento

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