Apelidos
O primeiro apelido lhe foi dado pelo próprio pai: "lambreta". Nunca se soube na família a razão do apelido; talvez nem mesmo o pai pudesse explicá-lo.
Depois, no colégio, devido à baixa estatura e ao fato de ser sempre o primeiro nas formações em fileira, passaram a acrescentar o sufixo "inho" ao seu nome. Esse apelido o acompanhou até hoje.
A maior experiência que teve com apelidos foi ao trabalhar em uma fábrica de lingerie. Ao ser recepcionado pelos futuros colegas, um deles, que viria a se tornar seu melhor amigo, desfiou diante dos demais uma lista de apelidos: "salgadinho de casamento", "motorista de carro de bandido", "salva-vidas de aquário", "porteiro de boate infantil" e outros. Os colegas riam com deboche, mas ele não deu muita importância, apenas acrescentando à sua coleção de apelidos mais alguns que já conhecia. Assim, desarmou o que hoje chamamos de bullying e deu início à sua carreira profissional.
Com o tempo, percebeu que os apelidos proliferavam naquele ambiente.
O setor onde trabalhava ficava em um subsolo da fábrica. Era um pequeno escritório com sete funcionários, incluindo a chefe. Próxima à porta, havia uma grande janela de vidro que permitia observar do alto a área de produção. Um dia, em um momento de descontração, seu melhor amigo chamou-o até a janela e comentou:
– Isso aqui parece um zoológico. Olha só.
Apontou para os colegas e continuou:
– Ali estão o Leão, o Cobra, o Ratinho (complicado cobra e rato no mesmo local, mas deixemos isso de lado), o Hipopótamo, o Gambá, o Cara de Cavalo, o Beiço de Mula... e aqui, temos um Cachorrinho – disse, olhando para mim.
Lembrei-o de que ele era conhecido como Cara de Sapo, imitei o coaxar do bicho e ele fingiu indignação, encerrando a brincadeira.
Em outra ocasião, chegaram dois novos funcionários para a produção. Enquanto esperavam em frente à mesa da chefe, começaram os cochichos para definir quais seriam seus apelidos. Eram dois homens altos e negros. Ao perceberem a situação - os cochichos não eram tão baixos - trocaram sorrisos discretos. Até que meu amigo declarou:
– Faísca e Fumaça!
A risada foi geral, inclusive dos dois novos colegas, e só parou com a chegada da chefe, que perguntou:
– Qual a razão dessa risadaria?
Diante do silêncio, meu amigo respondeu:
– Foi só uma piada, nada demais.
A chefe, desconfiada, resmungou um "hãhã" e iniciou a entrevista com os contratados.
Certo dia, no pátio externo da fábrica, estava com meu amigo e outros dois colegas quando passou um funcionário da manutenção conhecido como Papa Léguas – apelido dado por seu jeito de andar quase marchando, com os pés abertos. Ele detestava o apelido e fazia cara feia sempre que o ouvia, o que levava todos a evitá-lo.
No entanto, um dos colegas provocou meu amigo a chamá-lo pelo apelido. Sem perder tempo, ele pegou a buzina de um vendedor de cuscuz próximo e, ao ver Papa Léguas se aproximar, disparou um sonoro "bip bip".
A provocação surtiu efeito: Papa Léguas lançou um olhar de desaprovação, notando os sorrisos ao redor, mas, sem provas, seguiu invocado seu caminho, marchando com seus pés "dez pras duas".
Autor: Paulo Nascimento
Uma pausa para os comerciais...
Sou afiliado Magalu, Mercado Livre e Shopee. Vamos fazer boas compras juntos? Fale comigo:
(21)98519-7011
🥰🥰🥰🥰🥰
ResponderExcluirGratidão, filha!😘😘😘
Excluir❤️❤️
ResponderExcluirGratidão, Dudu!😘
ExcluirMuito legal essa experiência de como tudo era bem diferente, sem nomenclatura jurídica, mas de igual modo nos deixava bem chateados, dependendo do apelido. Show. Parabéns!
ExcluirGratidão, meu amigo!
ExcluirLindo...
ResponderExcluirGratidão!
ExcluirSimplesmente lindo 👏👏👏👏
ResponderExcluirGratidão, amor!
Excluir