Achado Não É Roubado Quem Perdeu Foi Relaxado
Existem alguns objetos cuja posse é indefinida: o dono é quem pega primeiro. Dois exemplos disso são o guarda-chuva e a caneta. Pode ser que existam outros, porém, esses para mim são marcantes por dois fatos que me vieram à lembrança.
O primeiro desses fatos, relacionado ao guarda-chuva, cabe uma explicação: já perdi muitos guarda-chuvas "made in china, taiwan, paraguai" ou coisa que o valha, mas o objeto desta narrativa é um senhor guarda-chuva, automático, comprado na Casa Vesúvio. Portanto, motivo de extremo cuidado. Quem conhece a qualidade sabe do que eu estou falando.
Por mais atentos que sejamos, o descuido se apresenta em alguns momentos e, no meu caso, aconteceu numa ida ao sanitário, no local de trabalho quando, por não ter onde colocar o guarda-chuva deixei-o pendurado na porta e, ao sair de lá em direção à minha sala imediatamente me dei conta do esquecimento. Quando retornei, meu guarda-chuva já estava, com certeza, em outras mãos, abrigando um novo dono e me desencorajando a investir tanto em um objeto tão infiel que aceita qualquer mão que lhe oferecem.
O segundo objeto, mais sem vergonha: é a caneta, que passa de mão em mão sem o menor pudor. Pelo fato de trabalhar em um setor de expedição, cuja necessidade da caneta era constante e o sumiço dela também, utilizei um artifício pensando em por um fim nessas ocorrências.
A localização da minha sala era próxima à recepção e ao hall dos elevadores e, um colega, de saída para atender a um cliente me pediu emprestada uma caneta Bic para fazer uma anotação rápida. Ao ouvir a voz do ascensorista, anunciando: - "desce!", meteu-se no elevador levando a infiel consigo.
No dia seguinte, substituída a caneta Bic por outra igual, voltei à minha rotina (se fosse uma Mont Blanc eu teria entrado em depressão, talvez nem fosse trabalhar) . De repente, uma caneta foi jogada em minha mesa e, fingindo indignação, o colega que havia levado a caneta, disse:
- Pode ficar com a sua caneta. Por causa dela eu passei a maior vergonha com um cliente. Disfarçando, perguntei:
- Como assim?
Ele explicou: - Quando saí daqui, na minha pressa, coloquei a caneta no bolso do meu paletó para depois te devolver. Chegando ao cliente, um funcionário conhecido me pediu uma caneta emprestada para fazer uma anotação, ao pegar na caneta olhou-a e disse:
- Tá roubando caneta dos outros? Toma vergonha, cara!
- Essa foi a vergonha que eu passei por sua causa, seu sacana, finalizou meu colega, sorrindo e retirando-se da sala.
Depois que ele saiu eu fiquei olhando com ar de triunfo para a caneta, devolvida graças a um pequeno truque meu: dentro do tubo transparente da caneta, enrolado na carga, eu tinha colocado um papel branco com a seguinte inscrição:
"Disfarce e devolva, esta caneta é do Paulinho".
Autor do texto: Paulo Roberto Nascimento.
O primeiro desses fatos, relacionado ao guarda-chuva, cabe uma explicação: já perdi muitos guarda-chuvas "made in china, taiwan, paraguai" ou coisa que o valha, mas o objeto desta narrativa é um senhor guarda-chuva, automático, comprado na Casa Vesúvio. Portanto, motivo de extremo cuidado. Quem conhece a qualidade sabe do que eu estou falando.
Por mais atentos que sejamos, o descuido se apresenta em alguns momentos e, no meu caso, aconteceu numa ida ao sanitário, no local de trabalho quando, por não ter onde colocar o guarda-chuva deixei-o pendurado na porta e, ao sair de lá em direção à minha sala imediatamente me dei conta do esquecimento. Quando retornei, meu guarda-chuva já estava, com certeza, em outras mãos, abrigando um novo dono e me desencorajando a investir tanto em um objeto tão infiel que aceita qualquer mão que lhe oferecem.
O segundo objeto, mais sem vergonha: é a caneta, que passa de mão em mão sem o menor pudor. Pelo fato de trabalhar em um setor de expedição, cuja necessidade da caneta era constante e o sumiço dela também, utilizei um artifício pensando em por um fim nessas ocorrências.
A localização da minha sala era próxima à recepção e ao hall dos elevadores e, um colega, de saída para atender a um cliente me pediu emprestada uma caneta Bic para fazer uma anotação rápida. Ao ouvir a voz do ascensorista, anunciando: - "desce!", meteu-se no elevador levando a infiel consigo.
No dia seguinte, substituída a caneta Bic por outra igual, voltei à minha rotina (se fosse uma Mont Blanc eu teria entrado em depressão, talvez nem fosse trabalhar) . De repente, uma caneta foi jogada em minha mesa e, fingindo indignação, o colega que havia levado a caneta, disse:
- Pode ficar com a sua caneta. Por causa dela eu passei a maior vergonha com um cliente. Disfarçando, perguntei:
- Como assim?
Ele explicou: - Quando saí daqui, na minha pressa, coloquei a caneta no bolso do meu paletó para depois te devolver. Chegando ao cliente, um funcionário conhecido me pediu uma caneta emprestada para fazer uma anotação, ao pegar na caneta olhou-a e disse:
- Tá roubando caneta dos outros? Toma vergonha, cara!
- Essa foi a vergonha que eu passei por sua causa, seu sacana, finalizou meu colega, sorrindo e retirando-se da sala.
Depois que ele saiu eu fiquei olhando com ar de triunfo para a caneta, devolvida graças a um pequeno truque meu: dentro do tubo transparente da caneta, enrolado na carga, eu tinha colocado um papel branco com a seguinte inscrição:
"Disfarce e devolva, esta caneta é do Paulinho".
Autor do texto: Paulo Roberto Nascimento.
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