Na manha, também se ganha
Tudo começou com um passe de calcanhar e de letra, desperdiçado pelo colega de time com um chute por cima do travessão. O lance chamou atenção, e logo veio o assédio do Campeão, o melhor time de futebol society da fábrica. A transferência aconteceu, e o Só Acredito Vendo perdeu sua revelação: o novato recém-chegado à fábrica.
Curioso o fato de serem times do mesmo setor da fábrica, uma espécie de times A e B. Bom, nosso personagem sabia que, no time B, seria destaque, enquanto no Campeão teria chance de entrar em algumas partidas, visto o nível da equipe.
E assim se deu. Ele entrava em alguns jogos, onde eram necessárias, principalmente, a velocidade e rapidez – suas melhores características.
Uma de suas partidas de destaque foi contra o time da Manutenção.
Estava no banco de reservas. O jogo comia solto entre duas equipes de mesmo nível, quando o adversário fez 1x0, ainda no primeiro tempo. Após o intervalo, decorrido um período sem que o empate acontecesse, o técnico do Campeão chamou-o e deu a seguinte instrução:
— O zagueiro deles tá "engolindo" o nosso camisa 9. O cara é alto e você, mais rápido. Tente explorar isso em cima dele.
Aquecimento feito, entrou em campo. Na primeira bola disputada, após um chute dado por um companheiro de fora da área, o goleiro chegou um pouco antes e conseguiu defender. Para não perder a viagem, quis brincar com o goleiro:
— Segura firme! Eu entrei para virar o jogo!
Algo despretensioso desencadeou uma fúria no tal zagueiro apontado pelo técnico:
— Deixa de ser palhaço, moleque!
Vendo o ponto fraco a ser explorado, respondeu em tom de deboche:
— Cuidado comigo! Eu sou a arma secreta do time...
E saiu rindo.
Dali em diante, o zagueiro passou a vigiá-lo, e ele começou a se deslocar pelos lados do campo, dificultando a marcação.
Em uma jogada perdida, mesmo sendo baixinho, tentou disputar com o zagueiro. O adversário, desestabilizado, jogou o cotovelo de raspão em sua orelha, mas ele caiu se contorcendo de um jeito que o juiz aplicou cartão amarelo no sujeito. Levantou-se e, disfarçadamente, falou baixinho para o adversário:
— Dá outra, que vai ser expulso.
Virou as costas, imaginando o cara bufando de raiva.
Na próxima jogada, pelo alto, ameaçou pular, sabendo que a bola seria dominada pelo goleiro. Porém, o furioso zagueiro jogou o corpo contra ele. Ele se desviou, e, no encontrão entre eles, a bola sobrou nos pés de quem? De quem? Bastou um toque para o fundo das redes e sair para o abraço!
Com o empate garantido, bola no centro do campo, viu o camisa 9 do time se aquecendo para voltar, enquanto o técnico lhe acenava. Saiu e ouviu do treinador:
— Valeu, garoto, mas é melhor sair, senão o negão vai te quebrar.
Referia-se, claro, ao zagueiro nervoso.
Do banco, assistiu ao camisa 9 passar pelo zagueiro já desnorteado, encher o pé e acertar a bola no ângulo para fazer 2x1.
Fim de jogo, vitória conquistada!
Dirigiu-se ao zagueiro e tentou apertar-lhe a mão, mas foi recusado:
— Quero papo, não!
Após o banho no vestiário, era a hora da cervejinha nas barracas vizinhas da fábrica. Em uma delas, viu o zagueirão zangado e, em tom conciliador, se aproximou, sorrindo:
— Pô, negão! Vai ficar com raiva de mim por causa de um jogo?
A resposta veio mal-humorada:
— Sai daqui! Tu é muito chato!
O baixinho retrucou:
— Tu joga muito, cara! Se continuasse focado na bola... Mas eu ganhei na manha, e você deu mole. Vamos tomar uma cerveja juntos e deixar isso pra lá.
Ainda com cara de emburrado, ele pensou melhor e respondeu:
— Senta aí... Você tem razão.
Ganhou o jogo e um amigo!
Autor do texto: Paulo Nascimento
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