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Trotes nos anos 70

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Nos anos 70, aos 15 anos de idade, eu trabalhava em uma empresa no Centro do Rio de Janeiro. Um dos costumes da época era receber os office boys novatos com trotes. Confesso que fui uma das vítimas, mas, sem falsa modéstia, consegui me sair bem. Não foi o caso de um colega, e eu testemunhei um desses trotes "in loco". Trabalhávamos em uma sala no 19⁰ andar. A divisória de frente para o corredor tinha metade inferior de madeira e a parte superior de vidro. Através dela, observei um novato gesticulando muito e conversando com um veterano e percebi o que estava para acontecer. Novato: — Poxa, esse pessoal daqui não é mole. Veterano: — O que aconteceu? Novato: — Ah! Fizeram uma brincadeira chata comigo. Veterano: — Como assim? Novato: — Estava no 13⁰ andar e me pediram para ir ao 18⁰ buscar uma "chave para fechar balanço". Lá, me disseram que a chave tinha sido emprestada a um funcionário do 14⁰. Quando cheguei no local, me mandaram para o 16⁰. Fiquei assim, de andar em...

Equipamentos melindrosos (republicado)

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Certo dia, em um setor de uma empresa onde trabalhei, um colega revisava a copiadora multifuncional que apresentara problemas de funcionamento. Após vários procedimentos rotineiros, ela voltou a funcionar, embora o motivo do problema não tenha sido identificado. "Talvez seja só uma manha do equipamento", comentamos, antes que ele se retirasse. Esse episódio me fez lembrar de outra ocasião, enquanto aguardava na fila do correio, na agência Primeiro de Março. Conversava com uma pessoa próxima quando presenciamos um acontecimento curioso: a máquina seladora da agência parou de funcionar repentinamente. A funcionária tentou solucionar o problema, sem sucesso. Chamou, então, a colega mais próxima, que também não teve êxito e sugeriu: "Chama a fulana; ela entende disso." A "fulana" foi chamada e, com ares de especialista, examinou a máquina de vários ângulos. Decidida, deu um forte tapa em uma das laterais do equipamento, que voltou a funcionar imediatamente. Re...

Apelidos

O primeiro apelido lhe foi dado pelo próprio pai: "lambreta". Nunca se soube na família a razão do apelido; talvez nem mesmo o pai pudesse explicá-lo. Depois, no colégio, devido à baixa estatura e ao fato de ser sempre o primeiro nas formações em fileira, passaram a acrescentar o sufixo "inho" ao seu nome. Esse apelido o acompanhou até hoje. A maior experiência que teve com apelidos foi ao trabalhar em uma fábrica de lingerie. Ao ser recepcionado pelos futuros colegas, um deles, que viria a se tornar seu melhor amigo, desfiou diante dos demais uma lista de apelidos: "salgadinho de casamento", "motorista de carro de bandido", "salva-vidas de aquário", "porteiro de boate infantil" e outros. Os colegas riam com deboche, mas ele não deu muita importância, apenas acrescentando à sua coleção de apelidos mais alguns que já conhecia. Assim, desarmou o que hoje chamamos de bullying e deu início à sua carreira profissional. Com o tempo,...

O inusitado final do ano de 1976

 Final de ano, 1976... Naquela época, o último dia do ano tinha meio expediente e, por tradição, havia a chuva de papel picado, originada de documentos inservíveis devidamente rasgados ou de sobras, como confetes, produzidas pelos perfuradores de papel. Eu trabalhava em uma empresa localizada na avenida Rio Branco, no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Durante a comemoração — janelas abertas no quadragésimo andar — apareceu, do nada, um paraquedas confeccionado com um saco de lixo azul, barbantes e, no lugar de um boneco, um objeto fálico feito de madeira. Sim, isso mesmo! O autor da façanha era o "faz-tudo" da empresa (eletricista, encanador, marceneiro, etc.). Um dos nossos colegas, com uma destreza singular, conseguiu arremessá-lo. Ao sabor do vento, o paraquedas começou a pairar sobre a avenida. No prédio em frente funcionava um banco famoso, que ainda existe. Vimos, morrendo de rir, uns caras chamando suas colegas para observarem o estranho objeto voador. Algumas mulher...

Trapaça ou lição?

Em uma das empresas onde trabalhei, durante o intervalo para o almoço, tínhamos o costume de jogar sueca, um jogo de cartas bastante popular. Não havia nada em aposta; era apenas entretenimento. Às vezes, alguns mais competitivos não se conformavam com certas derrotas, mas nada de mais acontecia. Em uma dessas ocasiões, eu estava jogando com um parceiro contra dois colegas, sendo que um deles era daqueles sujeitos metidos a esperto, sempre se vangloriando de suas vitórias. Ocorre que, ao final da partida, aconteceu a contagem de cartas para determinar a dupla vencedora. Eu, que tinha por hábito contar minhas cartas mentalmente e de forma rápida, observei que tínhamos perdido por dois pontos de diferença, mas aguardei a contagem do meu adversário, que contava alto e devagar, afirmando que haviam ganhado. Ao final, decepcionado, ele disse que tínhamos empatado, mas, como sempre fui um bom observador, notei que uma das cartas – um rei que valia quatro pontos – ele havia atribuído o valor ...

Alma Verdadeira

Se pareço Para uns, alegre Para outros, triste Para uns, fraco Para outros, agressivo Para uns, falso Para outros, sincero Para uns, sem graça Para outros, belo Para uns, comum Para outros, inconfundível A todos... uns e outros, Sem levar em conta seu julgamento Responderei com o mesmo sorriso permanente Que vem da minha alma, verdadeiramente. Autor: Paulo Roberto Nascimento

Letra e Música

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Eu era o dia Você a noite. Eu era a tinta Você o desenho. Eu era a letra Você a música. Eu era a rima Você o tom. Eu era o fogo Você a água. Eu era o ar Você a terra. Eu era o sol Você a chuva. Éramos o par perfeito. Um completava o outro. Tudo se encaixava. No entanto, Eu era a alegria Você a tristeza. Eu era o sorriso Você a lágrima. Eu era a certeza Você a dúvida. Eu era a verdade E você... Você continua sendo a mentira. Música: Ilusion.  Marisa Monte e Julieta Venegas. Vídeo extraído do You Tube.