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Hoje eu só quero que o dia termine bem

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A música Simples Desejo, de autoria de Jair Oliveira e Luciana Mello, soava em sua mente como trilha sonora da sua vida, pois achava “legal ficar sorrindo à toa... sorrir pra qualquer pessoa, andar sem rumo na rua”. Naquela manhã ensolarada, de temperatura agradável, era só o que mais desejava — e a esperança lhe acompanhava, mas tropeçava em bons-dias não correspondidos. Ignorados, melhor dizendo. Seguia pensativo sobre a falta de gentileza das pessoas e lembrou-se de que, há tempos, dirigiu-se a uma colega de trabalho com um sincero "bom dia", e a resposta veio azeda: — Para mim, não está nada bom! Surpreso, a única resposta que lhe veio foi: — Para mim, quando não está, faço com que fique. Desistiu de perguntar o motivo daquele azedume e dirigiu seu “bom dia” aos outros colegas, que foram mais receptivos. Em outra ocasião, foi a vez de um amigo seu lidar com situação parecida — porém, com o humor sarcástico que era sua marca pessoal. Chegando em um setor, alegre como sempr...

Celular, independência ou morte?

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Recentemente, aconteceu um fenômeno raro conhecido como "vibração atmosférica induzida", supostamente a causa de um apagão na Europa, que atingiu Portugal e Espanha e, além de outros transtornos gerou uma pane na rede de celulares daqueles países.  E eu com isso? " Palma, palma, não priemos cânico ", diria o Chaves.  Mas, no caos nosso de cada dia, convivemos com esse aparelho indispensável que para muitos se tornou um vício e criou manias. Quem nunca viu pessoas subindo ou descendo escadas falando ao celular, sem perceberem o risco iminente de um tombo? Já viram um sujeito na estação de trem, indo e voltando de uma ponta a outra tratando de algum negócio, gesticulando e apontando para um local imaginário como se seu interlocutor estivesse vendo?  Ou dentro de um ônibus, conversando em voz alta para que todos tomassem conhecimento da sua vida? Imaginem a cena: uma moto estacionada na calçada e o motoboy dando voltas em torno do veículo, falando ao celular sem parar....

Mal entendido

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Quantas vezes um erro de comunicação pode ter consequências? Um encarregado de expedição tem que estabelecer uma logística para as tarefas de seus subordinados — no caso, uma equipe de office-boys. Recebeu a informação de que deveria providenciar a entrega de duas correspondências em empresas de endereços diferentes: uma na zona norte e outra na zona oeste da cidade. Porém, com a demora para que ficassem prontas, por volta das 15h ele dispunha apenas de um office-boy, que morava na zona oeste. Pela lógica, determinou que o funcionário entregasse a da zona norte primeiro e, posteriormente, a da zona oeste, destino final do subordinado. No dia seguinte, entregou os protocolos de entrega para a secretária que havia feito a solicitação. Para sua surpresa, o gerente responsável pelas contas das duas empresas telefonou, irado, dizendo que, pela ordem em que foram entregues, as correspondências não surtiram o efeito desejado, pois deveriam ter sido feitas na ordem inversa. Sua defesa foi aleg...

Jeitinho, a gente vê por aqui

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Trajeto Central x Itaguaí, onibus tarifa A, confortável, ar condicionado, um passageiro se levanta e puxa o sinal de parada próximo à subida de um viaduto, se aproxima do motorista e pede para que ele dê uma parada embaixo do viaduto.  Diante da recusa do condutor, alegando que sair do trajeto poderia causar-lhe punição da empresa, caso acontecesse um acidente ou enguiçasse, reclamou: - Mas todo mundo dá uma "descidinha" ali, Ao que o motorista retrucou: - Eu não sou todo mundo, meu nome é Peçanha! Chegando ao ponto, abriu a porta e o passgeiro desceu reclamando, xingando e ainda deu um soco na lataria do veículo.  Peçanha fechou a porta e seguiu viagem como se nada tivesse acontecido. Tendo como pano de fundo o "jeitinho brasileiro", que enxerga leis e normas como obstáculos, veremos mais um profissional do volante protagonizando esse embate: Linha 629, quase chegando a Irajá, seu destino final. Em um ponto, um casal de idosos deu sinal para o ônibus, que parou ate...

Ser poeta

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Lembrando que no dia 21 de março foi comemorado o Dia Mundial da Poesia, presto uma homenagem aos poetas que colaboram com o nosso blog: Lúcia Andrade, Sidney Machado e Pablo Queiróz. SER POETA Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens!  Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma e sangue e vida em mim. E dizê-lo cantando a toda gente! Florbela Espanca, em seu livro Charneca em Flor, publicado em janeiro de 1931, um mês após sua morte, com sua poesia intensa e melancólica, expressa a poesia como um destino inevitável, uma vocação que consome e engrandece ao mesmo tempo. O poema enaltece a figura do poeta como alguém que sent...

Vai chover hoje?

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Saindo de casa para o trabalho, olho para cima e vejo o céu carregado de nuvens, o que me leva a calcular que, em vinte e cinco minutos, chegarei ao destino – trajeto a pé que faço diariamente – sem necessidade do guarda-chuva. Assim faço e, como ando ligeiro, sigo despreocupado.  Já estava próximo de chegar quando percebi o cenário: até então, meu trajeto contava com abrigos que me protegeriam da chuva iminente... ali, não! Não, não começou com respingos. Veio como um balde d’água de uma vez só, encharcando-me na hora, sem que eu tivesse oportunidade de correr. Continuei resignado, encharcado e revoltado até chegar ao local de trabalho, uma fábrica, e entrando no meu setor fui recebido pelos colegas com um coro de risadas, sendo que um deles se jogou ao chão, enfatizando ainda mais o ridículo da minha situação.  Esse colega providenciou um uniforme e botinas na CIPA para que minhas roupas secassem e, ao final do dia, eu pudesse voltar seco para casa. Desde então, passei a car...

Desafio entre gerações

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Tinha dezesseis anos, trabalhava no centro da cidade e à noite estudava.   Mas, em algumas quintas ou sextas-feiras acompanhava o tio - cinco anos mais velho - para um encontro com colegas de bar, a fim de beber umas cervejas e bater papo.  O bar era localizado na Rua do Rosário, onde ele já tinha conhecido os "ceguinhos" vendedores de bilhetes de loteria; um  jornaleiro italiano, seu Ângelo, que ensinava palavrões em sua língua natal; e outros personagens daquela fauna urbana.  Um detalhe inusitado: o dono do bar era português, botafoguense e se chamava César, um combo talvez inédito.  Seu tio se reunia ali com seu compadre, um mineiro alto e engraçado e um funcionário de uma loja lotérica daquela rua, com idade aparentando uns cinquenta anos.  Uma variedade de assuntos surgia naquele local, regada a cerveja e umas cachacinhas que os adultos entremeavam de vez em quando durante as conversas, além dos petiscos tradicionais. Em uma dessas ocasiões, o a...