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Sou Mulher e não Troféu

Também posso sumir, Desaparecer na calada da noite. Te deixar no vazio, Dar-te a solidão como açoite. Tão seguro de si, Achou que eu comia em sua mão. Sem jamais imaginar Que ainda sou dona do meu coração. Não sou brinquedo de ninguém Por mais que se venha a gostar. Estar contigo é sempre bom Mas não esqueci de me amar. Com meus sentimentos não jogue, Sou mulher e não troféu. Trate-me com respeito Pra não provar do meu fel. Quando enfim amadurecer Venha me procurar. Torne-se um homem de verdade Pra que eu possa te amar. Autora do texto: Lucia Andrade

Dia Internacional da Mulher

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Fonte: Facebook - André Mota - Álbum

A tanajura do pedaço

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Era a tanajura do pedaço, não tinha pra ninguém. O seu derrière atraía os olhares masculinos cobiçosos e os comentários desdenhosos das invejosas de plantão. Devido ao assédio constante na juventude, gabava-se da sua beleza sem se dar conta de que o interesse geral era localizado em um ponto específico da sua anatomia. Decorridos muitos anos, uma coleção de namorados, dois casamentos desfeitos e os efeitos da gravidade atuando no corpo notadamente naquela área que foi motivo do seu sucesso de outrora, ali estava ela, esparramada no sofá da sala com um pote de pipoca no colo, assistindo ao desfile de carnaval. Um evidente espetáculo de belos corpos femininos seminus, de sinuosas silhuetas, seus sorrisos procurando as câmeras de TV em busca do sucesso, mesmo que efêmero, pensando em virar "celebridade". Ao seu lado, o atual companheiro com um copo de cerveja na mão, se deliciava com a anatomia das mulheres, elogiando dissimuladamente a evolução das escolas de samba a fim de dis...

Um porão de histórias

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Ele nasceu no bairro de Botafogo e foi criado em uma favela na zona sul carioca, nos anos 60.  Sua infância se desenrolava num pequeno quintal dividido com tios e primos, mas seu lugar preferido era junto aos avós, uma casa no ponto mais alto do morro com um grande quintal nos fundos, com declives e uma bela vista para o bairro da Gávea, um cenário perfeito para suas aventuras e fantasias.  No centro dessas lembranças, havia uma roseira especial. Plantada em frente à casa, ela era cercada por uma pequena vala de cimento, em círculo, que o avô construíra para protegê-la das formigas. Mas para ele, aquele detalhe não era só proteção; era um convite à imaginação. Ele arrancava folhas da própria roseira – algo que jamais deveria chegar ao conhecimento do avô – e as transformava em "barquinhos". As formigas eram os marinheiros, navegando naquele canal improvisado até o coração da roseira. As brincadeiras se multiplicavam no quintal, mas graças aos declives, tinha uma que era mágic...

Romário, o dono da area

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Chamavam-no Romário, pois, assim como o jogador tetracampeão nacional, era considerado o dono da área. Era um cão pastor alemão que tinha como característica marcante uma das orelhas caída, talvez fruto de alguma maldade de alguém perverso. Vivia pelas ruas do bairro, mas aos finais de semana, à noite, ficava por perto do Bar do Cabeleira, um alagoano botafoguense, careca, muito gozador, que fazia uns espetos de churrasco muito elogiados na região. O bar era muito frequentado, por ter um ambiente acolhedor, boa música, bebidas geladas e deliciosos petiscos.  Romário era muito esperto e querido no local e, além de receber o carinho da clientela, ele demonstrava um interesse especial pelos petiscos do bar. Numa dessas noites, Quim, um dos fregueses, magro, baixinho e com um bigode grosso, pediu um churrasco e uma cerveja.  Enquanto bebia e conversava com um amigo, ficou distraído. Segurando o espeto, baixou o braço e... quem estava de olho!? Ele... o craque canino que, num bot...

Vacila, mas é maneiro

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Lá pelas bandas de Santa Cruz, fiz uma amizade de bar com um cara que trabalhava como cobrador em uma linha de transporte alternativo do local. Sujeito magrelo, bom de papo e divertido, apreciador de uma caninha com mel — cerveja era mais raro ele beber. Sempre que se encaminhava para encontrar com o dono da kombi, que morava próximo à minha residência, tinha o costume de me acenar quando eu, na maioria das vezes, estava na laje do segundo andar, envolto em obras. Ocorre que, em um final de dia, quando me encontrava no bar curtindo minha cerva gelada, ele adentra o local e, em alto e bom som, pronuncia: — Ué, não estava em casa hoje mais cedo? Olhei lá para a sua laje e não te vi, meu camarada! A clientela do bar concentrou o olhar em mim e eu, respirando fundo, pensando na resposta ao abusado, disse: — Você deu sorte, meu amigo. Tem vezes que as pessoas não me enxergam na laje, porque eu posso estar abaixado, catando algumas das pedras britas da obra para tacar na cabeça dos que tomam...

Mui amigo!

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 Vamos falar do melhor amigo do homem? Em algumas situações ele não demonstra ser tão amigo assim... Na entrada principal de um bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, ficava o simpático Bar do Pará, cerveja gelada, uma mesa de sinuca e um karaokê que revelava ou destruía talentos. Na porta, um vendedor de churrasco e o cheirinho que atraía fregueses e também alguns visitantes de quatro patas em busca de uma boquinha. Seu Ciço, pernambucano baixinho, beirando os setenta anos mas ainda forte, era um dos fregueses que gostava de uma boa prosa com um palito de churrasco na mão e um copo de cerveja na outra. Distraído, não percebeu um dos cachorros de rua abocanhar seu petisco e correr para dividir o "roubo" com um parceiro. - Danado! Eu que sempre dou um pedacinho a vocês, mereço isso? - esbravejou Seu Ciço. Os dois larápios retornaram sem um pingo de vergonha, se sentaram próximos, encarando Seu Ciço com olhares pidões. - Me roubaram e ainda querem mais? - disse o incrédulo...